Japoneses na agricultura

A partir do século XVII a agricultura brasileira, até então caracterizada pelo cultivo da cana-de-açúcar, vai dando espaço à economia cafeeira. Graças as medidas tomadas pelo senador Vergueiro chegaram as primeiras famílias imigrantes, oriundas da Alemanha. mas logo viriam também da Itália, Espanha, Portugal, Polônia etc. E a partir de 1908, do Japão.

O cultivo de café, principal área de atuação dos recém-chegados imigrantes, teve uma mudança drástica a partir da década de 1920. Muitos cafeicultores (e entre eles muitos imigrantes com terra própria) viram-se obrigados a mudar de atividade e começaram a investir em produtos como algodão, arroz e seda. Nos anos anteriores à II Guerra Mundial, o Brasil já exportava parte de sua produção de algodão ao Japão.

Os agricultores japoneses, conhecidos por suas cooperativas agrícolas do interior do Estado de São Paulo destacaram-se nese momento pelos produtos hortifrutigranjeiros, a tal ponto que o Ministério da Agricultura informava em 1935 que 70% da produção agrícola nacional provinha das fazendas de imigrantes japoneses.

Com o passar dos anos, os japoneses pouco a pouco foram deixando o setor agrícola para atividades industriais e comerciais, principalmente na grande São Paulo. Se em 1950 a porcentagem de imigrantes japoneses que trabalhavam no campo era de 47%, em 1960 passa a 37% e em 1970 a 19%.



Café



Granja e Melancia


Ponkan e Seda


Batata-doce e Algodão



(fotos extraídas de www.museu.bastos.sp.gov.br/)

Número de emigrantes japoneses

A emigração japonesa começou em 1868, com a ida de japoneses ao Havaí. Desde esta data até a II Guerra Mundial, estima-se que emigraram do Japão para o exterior 780.000 pessoas; após a Guerra, foram cerca de 260.000, totalizando 1.040.000 pessoas.

Segundo relatório do Ministério de Relações Exteriores do Japão (1993), estima-se que o número de emigrantes japoneses e seus descendentes (nikkeis) chegue a quase 2.500.000 pessoas, que se encontram principalmente no continente americano (cerca de 1.300.000 no Brasil e 1.000.000 nos Estados Unidos). Atualmente o número de japoneses e seus descendentes que vivem no Brasil é estimado em 1.500.000, sendo cerca de 83.000 nascidos no Japão.

Distribuição da comunidade nikkei (por países)



(imagem extraída de
www.discovernikkei.org)

Tomoo Handa

Tomoo Handa nasceu em Utsunomiya (1906). Em 1917 emigra para o Brasil com sua família e instala-se no interior de São Paulo. Três anos mais tarde muda-se para a cidade de São Paulo, onde cursa a Escola de Belas Artes (de 1932 a 1935), sob orientação de Paulo Vergueiro Lopes de Leão (1889-1964). Funda com outros artistas o Grupo Seibi em 1935 e em 1936 realiza uma mostra individual no Nippon Club. Faz parte do Grupo 15 (entre 1948 e 1949) e do Grupo Guanabara (entre 1950 e 1959).

Foi um dos realizadores do 1º Salão de Arte da Colônia Japonesa em São Paulo (1952). Em 1956-57 visita o Japão, França, Inglaterra, Espanha, Portugal e Itália. Em 1987 publica o livro "O Imigrante japonês". Falece em 1996 em Atibaia (São Paulo).

Em 1997 foi realizada a exposição Retrospectiva de Tomoo Handa no Museu de Arte Nipo-Brasileira em São Paulo. Duas de suas obras que retratam o cotidiano do imigrante japonês se encontram no Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil.





Auto-retrato, 1945







A colheita de café, 1955



(imagens extraídas de www.itaucultural.org.br)

A história do navio Kasato Maru

Quando se fala sobre Imigração Japonesa necessariamente se fala a respeito do navio Kasato Maru. Por ter sido o navio que trouxe ao Brasil o primeiro grupo de imigrantes japoneses tornou-se um símbolo e o dia de sua chegada ao porto de Santos foi recentemente declarado como Dia Nacional da Imigração Japonesa no Brasil. Mas pouco se fala da história deste navio...

O Kasato Maru foi construído pela "Wigham Richardson & Co." (Newcastle, Inglaterra) em 1900 como navio para passageiros e carga e inicialmente utilizado pela "Russian Volunteer Fleet Association", com o nome de "Kazan". Durante a Guerra Russo-japonesa (1904-05) foi bombardeado e depois capturado pela Marinha Japonesa, que o restaurou e o rebatizou de "Kasato Maru" em 03/06/1905. (Maru é um sufixo japonês utilizado para nomes de navios)

Em 26/08/1906 parte transportando 646 emigrantes japoneses ao Havaí. Em 1908 recebe da "Koukoku Shokumin Kaisha" o encargo de transportar os primeiros 781 japoneses do porto de Kobe (província de Hyogo) ao Porto de Santos (SP). O capitão foi o inglês A. G. Stevens e a viagem durou 52 dias (de 28/04 a 18/06/1908).

De 1910 em diante serviu de navio mercante para uma empresa de Osaka, fazendo a rota Taiwan-Japão. Em 1912 torna-se o primeiro navio desta companhia a fazer a rota pela América do Sul, para fins comerciais. Foi remodelado e vendido depois a outras companhias de transporte comercial.

Em 09/08/1945 é bombardeado por aviões russos a oeste da península de Kamchatka, próximo ao Mar de Bering (entre Rússia e Alaska). Nos anos 70 chegou a ser tema de uma música popular japonesa e até nome de um avião MD-11 da companhia aérea brasileira VASP em uma viagem ao Japão.
Apesar da baixa velocidade média, era tido como excelente para viagens longas. As acomodações para passageiros ficavam nos compartimentos inferiores.



Peso: 6.000 toneladas
Velocidade média: 10 nós
Capacidade máxima de passageiros: 1000

Diário de bordo do 52 dias no Kasato Maru


“Depois de uma noite tranqüila de viagem, o Kasato Maru percorreu as primeiras 195 milhas e a viagem transcorre normalmente”, relata o diário de bordo escrito por Ryo Mizuno, considerado o pai da imigração . “Os passageiros usam trajes ocidentais confeccionados na Europa. Os homens deixam de lado o quimono e vem de terno e gravata, chapéu e bota. Alguns trazem no peito condecorações de guerra com a Rússia.”

“No dia 30 de abril, choveu à tarde. O navio percorreu 247 milhas e os imigrantes viram a pequena ilha de Suwa. Agora todos são ’soldados da fortuna’ querem enriquecer e voltar dentro de cinco anos” . Na bagagem, além da esperança, trazem manuais práticos de português que se tornariam inúteis na nova terra. Frasco de conserva, molhos para temperos, cobertores, pauzinhos para comer, travesseiros de bambu, papel e tinta nanquim (532 passageiros eram alfabetizados) compõe seus pertences.

“Na quarta-feira, 6 de maio, o primeiro incidente: o foguista Kataoka demonstra irritação e deixa todos inquietos. Ele tentou invadir os aposentos das mulheres e foi contido pelos vigias noturnos. Nada aconteceu”, escreveu Ryu Mizuno.

“A 9 de maio, após uma madrugada de forte tempestade, o navio aportou em Cingapura. Shuhei Uetsuka é o único que desembarca, para despachar a correspondência” .

O diário de Ryu Mizuno diz que “a viagem trancorre sem anormalidades até o dia 13 de maio, quando os imigrantes passaram a sofrer mal-estar generalizado, em conseqüência dos fortes ventos que fazem o navio jogar” .

O farol Lang foi avistado no dia 31 de maio e, em poucas horas, surgia a África. Às 22 horas do dia 2 de junho, o navio chegava à Cidade do Cabo. Ryu Mizuno foi o único a desembarcar por um curto período de tempo.

Três dias antes da chegada ao Brasil, o foguista Kataoka voltou a demonstrar perturbações. À meia-noite de 15 de junho, armado de uma faca, tentou matar Ryu Mizuno, mas foi contido por seu chefe, Seizo Yokoyama, que acabou sendo ferido gravemente na barriga . Durante alguns dias ele resistiu. Chegou a ser internado em Santos, mas morreu e foi sepultado no túmulo número 50 do cemitério santista.

Às 17 horas do dia 18 de junho, o Kasato Maru atracava no porto de Santos no cais número 14. Os imigrantes agitavam bandeirolas de seda, do Brasil e do Japão. Somente desembarcaram no dia seguinte e permaneceram na cidade por duas horas, sendo em seguida encaminhados para a Casa da Imigração em São Paulo. Após alguns dias, todos foram enviados às fazendas do interior paulista. Os japoneses começavam a construir sua nova pátria.


(extraído de madeinjapan.uol.com.br - 30/05/03)

Links de Museus, História e Pesquisa


CENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO

Centenário da Imigração Japonesa
http://sites.bunkyonet.com.br/centenario/


MUSEUS

Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil
www.nihonsite.com.br/muse/

Memorial do Imigrante
www.memorialdoimigrante.sp.gov.br/

Museu Histórico Regional Saburo Yamanaka de Bastos
http://www.museu.bastos.sp.gov.br/

Japanese American National Museum
http://www.janm.org/


WEBSITES

Discover Nikkei
http://www.discovernikkei.org/pt/

ブラジル 日本移民・日系社会史 年表検索
http://www.100anos.com.br/iminshi/


HISTÓRIA DA IMIGRAÇÃO

Japão On Line: história da imigração
http://www.japaoonline.com.br/pt/imigracao.htm

Terra Brasileira
www.terrabrasileira.net/folclore/influenc/japonhis.html

Japan Foundation
http://www.fjsp.org.br/guia/cap01.htm

Consulado Geral do Japão em São Paulo
http://www.sp.br.emb-japan.go.jp/pt/comunidade_historico.htm

Embaixada do Brasil em Tokyo
http://www.brasemb.or.jp/porutogatu/relac/historia.htm

Aliança Cultural Brasil-Japão
http://www.acbj.com.br/alianca/palavras.php?Palavra=189

Kasato Maru
http://members.tripod.com/kasatomaru/historia.htm

Cultura Japonesa
http://www.culturajaponesa.com.br/htm/historiadoimigracao.html

Centenário das relações Brasil-Japão (1995)
http://www.mofa.go.jp/region/latin/brazil/centenary.html


HISTÓRIA DA IMIGRAÇÃO (POR REGIÕES)

Colônia Aliança (アリアンサ移住地)
http://homepage3.nifty.com/gendaiza/aliansa/history/index.html

Colônia Guatapará (グァタパラ移住地)
http://br.geocities.com/coloniaguatapara/

Imigração Japonesa no Amazonas
http://www.internext.com.br/valois/maues/imigra.htm

Imigração Japonesa no Rio Grande do Sul
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/imigracaojaponesa/

Introdução


Talvez o motivo que tenha levado você a acessar este blog seja o mesmo que eu tive para criá-lo: conhecer mais a fundo e trocar informações sobre a História da Imigração Japonesa no Brasil.

Talvez você já tenha tido a experiência que eu tive de buscar dados sobre este tema na internet e encontrar apenas dados esparsos, muitas vezes artigos curtos demais.

Talvez o seu interesse exista por querer conhecer mais sobre as próprias raízes ou simplesmente saber um pouco mais sobre os japoneses no Brasil.

Bom, se você se encontra em qualquer um dos itens acima, seja muito bem-vindo! Mas por favor, lembre-se que a idéia deste blog não é simplesmente ser um mural de artigos, ele depende das suas colaborações para sobreviver: envie material para o meu e-mail ou poste dicas!

Esta é apenas a primeira de muitas mensagens. Em breve, e na medida do possível, pretendo escrever artigos e postar outros que vocês irão mandando...

História, fotos, testemunhos... Links de outros blogs, museus e websites... Artigos de jornal, estudos históricos, cultura... Enfim, tudo aquilo que se refira ao longo processo que se iniciou no já longínquo 18 de junho de 1908!